sábado, 28 de julho de 2012

Pro externo, inútil desabafo pessoal.

Não sou escritora, e esse texto não tem, nem de longe, relação com o que eu pretendia expor nesse blog. Mas é algo que preciso.







Eu sou tão, TÃO nova, mas já digo: é engraçada a vida, né? A gente vai embora pra pessoas novas, mas não tem como abandonar algumas que passaram. Pelo menos eu imagino não conseguir. Tem gente que consegue, querendo ou não, abandonar e/ou esquecer essas pessoas que criaram, se preocuparam e acompanharam o nosso sofrimento, mesmo não conseguindo acabar com ele. Eu brigo, brigo muito. A gente tem tido muitos problemas no nosso relacionamento, todos nós. Mas abandonar, ou esquecer, não dá. Teve alguns que resolveram, sim, se separar. Que nem filho se separa dos pais, mas não sendo nessa relação. Não acho que vão se separar de todo, no sentido de cortar relações, não se falarem mais, não querer saber um do outro. Duvido muito, na verdade. Mas às vezes a relação precisa mudar. E pode ser a melhor coisa feita. Mas a questão não é essa. Não a que tem se passado na minha mente, cada vez mais forte. A questão não é de relação com os outros. Esse meu problema é interno.


Sempre tive pais que sofreram muito com o que eu sofri. Tentavam ao máximo ser presentes, propiciar o que havia de melhor, acima do superficial sempre. Sempre fui, e ainda sou, muito grata por tudo isso. Mas o que eles diziam em relação a mim, nunca foi o suficiente... Porque os meus problemas não era com eles, vinham de fora. Sabe a criança que não consegue ter amigos? Não sabe brincar, não sabe conversar, e nem se fazer necessária... Não passei de uma dessas. E acho que não tenho vergonha de dizer que sinto alguns efeitos disso hoje. É, não faz tanto tempo assim... Sou bem nova. Mas já penso nisso. Posso um dia não ter mais esses efeitos... Espero que não, mesmo. Mas ainda sinto, e bem intensamente. Os efeitos são de ter crescido ouvindo as piores coisas que você tem em você. De ter sido formada com o pensamento de ser inferior aos outros. Na escola, aluna mediana, sem conversa, sem nada. Em casa, apesar de tentarem esconder isso de mim, a filha mais rebelde, impulsiva, menos estudiosa. Na vontade de arte, sem estímulo interno ou externo. Foi muito choro até entender que eu não era alguém que fazia qualquer diferença.


Sou nova, mas acho que tenho uma mente praticamente formada. Quando tive a oportunidade de fazer alguma amizade, me vi escondendo tudo o que pensava, dos outros, e de mim mesma. Fugi dos meus pensamentos e consegui conversar e tentar desenvolver uma personalidade um pouco mais confiante. A parte da confiança não deu tão certo... Mas consegui as amizades, e consegui crescer. Me tornei presente, e, pra algumas pessoas, quase importante, talvez. Pra mim, extremo avanço externo. Me tornei alguém no mundo. Mas todos os pensamentos que tinha sobre mim mesma, estavam ali. Sempre surgiam na mente, mas eu sempre tentava fingir que não.


"Alice é estabanada", "Alice não é tão bonita", "Alice, você precisa perder peso", "Alice, cresce", "Alice, assuma alguma responsabilidade" nunca foram esquecidos por ninguém. E todos faziam questão de me lembrar deles. Mesmo quando eu quase esquecia (ou assim fingia), alguém fazia questão de voltar com o assunto. E eu comecei a sentir a necessidade de ser alguém. De ser diferente de quem eu não gostava, mas também não tão igual a quem eu gostava, pra ser gostada por ser alguém que era quase eu. Mas ainda não tinha eu. Porque eu precisava de gente pra seguir, gente pra me apoiar. Brega, estranha, sem o mínimo de inteligência, encontrei dificuldades, até entender que, assim, continuaria a ser só alguém, não a Alice que eu queria ser.


Quem eu queria ser? Queria ser melhor. Queria poder olhar pra todos os comentários que foram e os que eram feitos e dizer "Isso aconteceu, mas não sou mais. Deixa isso pra trás.". Seria a minha maior conquista. Me tornar alguém fisicamente atraente, inteligente, que fizesse coisas úteis e bonitas. Alguém que traria orgulho para os mais próximos. Quem não quer, né? Comecei na tentativa... E ainda estou. Não me vejo como alguém fisicamente atraente. Ainda estou um pouco longe disso, inclusive... Também não consegui me tornar inteligente. Dessas partes, entendi que não tem mais jeito a não ser aceitar, ou mudar o meu olhar. Aceitar é o mais fácil. A parte de fazer coisas úteis e bonitas... Ainda estou na tentativa. Taí o que eu ainda posso desenvolver, melhorar, o que tenho tentado.


Então, conheci a pessoa que acabou sendo a que mais fez diferença na minha vida. A única que não só conseguiu sentir por mim o que ninguém mais havia sentido, mas também conseguiu, na medida do meu processo interno de aceitação, me mostrar o que via. E isso fez com que eu não desistisse mais de mim. A cada dia, tento caminhar pra ver se eu realmente valho a pena, se eu posso ser alguém que faz real diferença. Tudo porque essa única pessoa viu coisas em mim que eu nem sabia que poderiam existir... Por ter esse alguém comigo, sou a pessoa mais sortuda e agradecida que eu poderia me tornar. Não me vejo como bonita e nem como inteligente. Mas essa pessoa me fez ter vontade de tentar procurar a beleza e a inteligência que ela vê. Minha arte não é de todo útil. A maior parte definitivamente não é. Mas essa pessoa sabe me estimular e apoiar como ninguém. O que me faz ter vontade de ser melhor, até conseguir me satisfazer com o produto, também.


Me assumi. Meu próximo passo é conseguir querer viver não só por essa pessoa, mas também por mim. Todo esse o texto foi pra explicar que, se essa pessoa não tivesse aparecido pra mim, eu não estaria mais tentando me melhorar. Estou quase certa de que teria desistido de mim. Todo esse texto foi pra agradecer essa pessoa por todo o amor, o carinho, a presença e o apoio que ela me dá. Foi também pra assumir de vez que o meu caminho é longo; e pra me lembrar que eu não tenho de desistir dele por causa disso. Hoje, me apaixonei de novo. E hoje, decidi viver dando o meu melhor.

2 comentários:

  1. Alice,
    Bom, eu to acompanhando seu blog desde o começo, mas acho que não comentei ainda. Faz muito tempo que não te vejo, que não nos falamos. Uns anos, deve ser. Mas eu lembro, com muita clareza, o quanto você foi importante pra mim, há muito tempo atrás, quando eu era uma recém chegada na escola, sem amigos, sem conhecer ninguém, apenas uma menina meio estranha, muito nerd e meio chata, extremamente assustada por reencontrar pessoas da infância, estar numa escola nova...
    Eu só quero que você saiba que você foi importante pra mim, como amiga. Mesmo que a gente tenha se afastado por inúmeros motivos, naquele ano, 2007, você foi MUITO importante, de verdade. As tardes que você e as meninas passavam em casa, os filmes, a ASES... tudo ficou guardado com muito carinho e saudades. Além disso, quanto à sua arte: sempre admiro quem consegue fazer com as mãos artesanatos, desenhos, o que seja, tudo o que você faz, porque eu sou muito ruim nisso. Posso saber matemática, escrever, jogar video-game. Mas não tenho tantos dons artísticos e sempre admirei você por isso.
    Bom, Lils, você tem o nome mais lindo do mundo, pra mim, porque Alice vai ser o nome da minha filha. E você é muito bonita, sim, por dentro e por fora. As pessoas podem ser malvadas com a gente quando somos diferentes, mas é porque as assustamos. Tenho certeza que você atrai a inveja de muita gente, por ser quem é. E não tente me contrariar! =]
    Só queria dizer que você foi uma grande amiga, e teve importância, deixou sua marca.
    Beijos,
    Gabi

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    1. Gabi,
      o que você escreveu me deixou pensando muito... Porque você também foi essencial na minha vida, principalmente naquela época. E eu sou grata por uma série de pessoas ter passado pela minha vida... E você é uma dessas pessoas, sem dúvida alguma. Mesmo a gente não tendo mais tanto contato, ainda sinto muito carinho e saudades!
      Fico feliz, de verdade, quanto ao que você disse em relação a minha arte. Mesmo! Eu sempre te admirei, pela sua inteligência, pela sua habilidade na escrita, entre as inúmeras outras qualidades que você tem.
      Não sei se você precisa saber disso tanto quanto eu, mas aproveito a oportunidade pra dizer que você também é muito, muito bonita. Por dentro e por fora.
      Não acho que atraio inveja... Mas tô começando a achar que posso não ser tão odiada, ou "desgostada" quanto achava que era... O que já é um ótimo começo, pra mim! hahahah
      Você também foi uma grande amiga. E tem deixou a sua marca em mim, de um jeito muito importante.

      Beijos, ruiva!

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